sexta-feira, 19 de março de 2021

Pedaço do tempo


 


Que a palavra seja deslizante 

Atinja degrau  distante  

Na essência do que é bom   

Cruze a avenida

Não se canse das curvas

Mesmo em dia de chuva 

Deixe molhar o canteiro

Que floresce no coração 

Faça uma pausa 

Escuta, escuta

Uma canção ela pode até está longe 

Mas chega com vibração 

Dando sustentação ao vazio que ancorava no leito 

 Afugentando a saudade que se fazia presente no peito 

Dando lugar a um novo caminho   

Trazendo felicidade diante da maestria da saudade 

Fazendo a aurora da vida renascer 


Margarida Cabral 

quarta-feira, 10 de março de 2021

Aparências


 Aparências 

Nevasca do tempo que corrói o sino

Da avalanche da caminhada  

Sem rumo na calçada 

Perdido lá  fora ...incerteza 

No surdo caminho aventureiro 

Um pé aqui outro acolá 

Tenta um agito

Na inatividade ocasional 

Espia o horizonte 

Acredita na luz 

Sossego

Cai a chuva

Relampejo 

Sonhos feitos nada desfeitos 

No vulto do tempo 

Aparição 

Transparência de desejos  

Alvorada respira

Dando continuidade ao florescer 

Com raios de contentamento 

Que ainda vive...

Margarida Cabral 

sexta-feira, 5 de março de 2021

Cada dia


 Cada dia

Na casa do tempo  vou seguindo meu abrigo
Na calada da noite  levanto os olhos pro céu 
Vejo-me nunhuma nuvem que não é de papel 
De repente me deparo com a moringa  
Na espreita do balançar das folhagens tecendo sonhos 
Que inspira o ar na pureza do anoitecer 
Expelido rosas ao vento ao amanhecer 
Na trombeta longínqua do exílio  a fomentar sopros da natureza
Na empatia da beleza 
Tento ficar sem alvoroço 
Alimentando a luz do alvorecer 
Entre canteiros de trovoadas a sacudir os pés 
Levantando a poeira cristalina nas asas da imaginação 
Que vão além do coração
Sem deixar de ser você 

Margarida  Cabral 

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Estrada afora


 Estrada  afora


Espaço tranquilo 

Rua afora

Aventureiro

Sai na estrada 

Pego cume  na encruzilhada 

Dá uma espiada 

Escada abaixo

Sai reluzente 

Refúgio escape 

Ladeira escorregadia 

Sem corrimão 

Tropeço 

Sacode a cabeça 

Sai pro abraço 

De alegria 

Agito de poeira

Limpa o terreiro

Espanta a ferrugem 

Que escorria com o tempo 

No istmo da passagem 

Segue seu rumo

No escalar  momentâneo 

Rumos partidos 

Vários sentidos 

Cores a aguçar 

Nortenhas sons vibrantes

Nos afagos emocionantes 

Do viver 

Com maestria 

Alegórico 

Pés nus 

Sobre estrelas


Margarida Cabral 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Trago de mim


 Trago de mim 



A verdade que existe em mim

Posso até dizer

No limite do entardecer 

Na vertente do caminho 

De luz a orientar

O clarear não tarda

Sinta o relapejo no céu 

A clarear a passagem 

Com tanta diversidade de cores entre pétalas e espinhos 

Na sutileza da alvorada sinto o pisar pequenino

Mas com o abrolhar do dia tudo tornar-se grandioso 

Arfugentando o agouro disperso pelo latejar do vento

Que solto no teu entendimento 

Com justa aparição de calmaria

Invade a janela da vida

Trazendo solidez a nuvem de passagem 

Que goteja água límpida 

Como se fosse servir de lavagem a alma e o coração 

Margarida Cabral

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Tempo de pandemia


Tempo de pandemia 

Assobio do tempo  
Que leva ao encontro passageiro 
Do cantar, caminhar na vertigem 
A espera dos grãos 
Que aos poucos se soltam das mãos 
Indo de uma escala decrescente de valores
Vagando na mercê do poder
No agito do ser 
Que em sua riqueza de ilusões só tem a calmaria do aguardo
No tempo 
No até chegar 
Na esperança que logo vai passar
No contar corriqueiro de cada dia
Que algumas vezes se alterna em esperança e melancolia 
No intuito de ver  o sol raiar
No arisco nevoeiro dando passagem a uma luz
Que se reacende no leito do chão 
Sem ter cara de pavão 
Espelho grandioso ainda resplandece o viver
Embora tentaram borrar a história do tempo 
Persiste viver e desabrochar num jardim 
Perfumado de flores 

Margarida Cabral 


 

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Espera


Espera 

Silêncio da noite 
Gruta do tempo 
Terraço ao vento 
Silenciar
Apago de palavras 
Livres
Soltas
No espaço 
Vazio
A espera 
Sem expressão 
Aguardo 
Semblante apático 
Estende a mão 
Resolubilidade 
Luz que incide
No caminho 
Na crença 
De verdades
Futuras

Margarida Cabral 

 

Olhar interior