segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Amor


                                      

Estava só
Estava sentado
Estava calado
No silêncio interior
Estava com zelo
Estava inteiro
No meu íntimo
A espera do amor
Que pode ser ligeiro
Ameno e duradouro
Mas seja amor
Amor de dia
Da noite
Amor de rua
Que voa e se apaga ao acender a luz
Amor de canteiro a desabrochar
No cantinho certeiro da estrada do amor
Quero esta

   Margarida Cabral

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Sereno



Sereno do tempo que sopra ao vento
Encandeia o pensar
No deslizar dos passos continuo a peregrinar
Em campos floridos com ramas pelo chão
Às vezes parece um dilúvio de ilusão
Brotando no peito atiçando o coração
Como um vento remoto que se renova a cada passagem
Mirando a caminhada sem ver o fim da estrada
Pura renovação
De corpo e alma
Fazendo uma lavagem do que ficou pela estrada
Colhendo benevolência de crença
Clareando o viver
Agitando as asas tal qual um passarinho sem medo de voar
Recolhendo as teias que se dissiparam no sereno
Aglutinando tudo no copo de cristal sem ter medo de quebra-lo

                    Margarida Cabral

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Tempo



                                   

No escuro da noite contemplo as estrelas
Que cintilam no vasto céu
Tudo é uma calmaria
Lá na beira da estrada indo de encontro à enseada de repente acaba a calmaria
De repente o antigo arvoredo despenca como papel
Seus galhos inertes debruçam sobre o chão
Quem sabe serão transformados numa pilha de carvão
Fico a espiar pelo estreito caminho
Aquela árvore outrora tão robusta cheia de vigor
E de repente evaporou
Há o tempo não perdoa o passar dos anos
Hora hoje se é menino no desabrochar de uma flor
Na correnteza do vento
No relógio do tempo a juventude murchou
E a maturidade do tempo chegou


                            Margarida Cabral