quinta-feira, 9 de junho de 2016

LUZ DO TEMPO


Quando o alvorecer do dia chega clareia o olhar
Terço cada manhã com o recomeço de cada dia
E acoberto - me de lembranças
Oriundas de tempos com muita luz
Dos recantos da casa
Da rua sem calçada
Das brincadeiras atenuantes
Que se estreita no coração
Do banho de chuva na bica de casa
Ah! Saudades que exalam com muita alegria
Na subida das árvores que doce recordação
Tirava os frutos e saboreava
Frutos de manga,  caju e seriguela
Da escalação dos muros, do banho de tanque que era a piscina só na imaginação
Quantos lírios colhidos
Quantas rosas plantadas no terreiro do tempo
Que só transpira alegria
No canteiro adormecido que não retorna mais.

        Margarida Cabral

quarta-feira, 8 de junho de 2016

domingo, 5 de junho de 2016

ANDANÇA

Andança 


Retrato do tempo que me conduz
Há um lugar de muita luz
Sinto o pulsar dos anos
Das crendices de criança
Do alvorecer da juventude
E do caminhar da maturidade
Sinto o nevoeiro do tempo
Fito sem precipitação
Ainda existe muito o que velejar
Entre canteiros e roseiras volto a repensar
No que fui
No que sou
No amanhã aveludado
Naquele cantinho que falta aprimorar
O tempo pode até exaurir -se
Mas o código do caminhar quem dita é você
Com maestria escolhe o tom que queres
Se é azul ou amarelo ou um vasto arco-íris
Que atiça a  iris a colorir o interior
    Margarida Cabral

terça-feira, 31 de maio de 2016

CAMINHOS



Avança o tempo no arvoredo
Enrosco-me no tédio
Aventuro-me pelo celeiro
Ah!  Canteiro de luz
Levanto o pó sem ter temor
Arisco-me pela areia e agito até a poeira levantar
Com um sublime olhar
Nas tendas do tempo
Que faz-me flutuar
Entre rios e riachos
Estendo os pensamentos num tênue caminho
Aventuro-me pela ladeira sem parar
Aí chega o cansaço então volto a silenciar
Sem impor regras ou costumes
Deixo-me levar
Por caminhos virtuosos
E jogo-me no mar
Com teu azul brilhante continuo a me aventurar
Entre a solidez do tempo
Deslizo-me na rua indo dá de cara com a lua
Permaneço a caminhar

      Margarida Cabral

quarta-feira, 25 de maio de 2016

SERTANEJO


Casa, caatinga, doce olhar
Pastagens verdes a mirar
Sol efervescente a brilhar
Correnteza do rio a desembarcar
No vilarejo,  na montanha e no mar
Deixando tudo verdinho para o arado
Pega a enxada e começa a cavar
No sol queimador a pingar o suor pra lavar a testa
Mas o sertanejo é valente e persiste no seu plantio
Com a esperança de uma boa colheita
De milho,  batata e feijão...
E começa a comemoração com muita sanfona
Pra sacudir a poeira
Com seu eterno forrozão

         Margarida Cabral

terça-feira, 24 de maio de 2016

REFLEXÃO INTERIOR


Quando cresci queria ser forte
Feito uma Fortaleza
Cercado de monumentos feito de tijolos
E não de papel
Hoje vejo -me diante de pedrinhas
A tecer pequenas mais valiosas coisas
Tendo a chance de escolher
Da rocha ao molusco
Quanta grandeza pra apreciar
Sem desvirtuar das escolhas que apresentam-se diante de mim
Nem tudo é cristal
Mas posso tentar angariar
Até imaginar
As pedrinhas que tento seguir

     Margarida Cabral

terça-feira, 17 de maio de 2016

POESIA



Na poesia encontro - me
Faço - me respirar
No respingo da chuva fico a sentir
Na lágrima que cai
No riso solto
Que supera qualquer tristeza
Nos desejos contidos e realizados
No pôr do sol que ativa o viver
Com tua luz brilhante
Exalando energia pra continuar...

     Margarida Cabral

Olhar interior