quinta-feira, 2 de junho de 2022

Casa


 Casa



Casa do tempo quero chegar 
Encanto moído 
Que solta farpas pelo caminho 
Me permite caminhar 
Em atrito com os pés 
Ao chão 
Impulsionados pela leveza dos dendritos 
Assoalho que evapora na pisada
Da casa seca, 
Da casa molhada ,
Da casa florida e abençoada 
Longe posso até ficar
Mas a saudade habita o mesmo lugar
Da lembrança d' água da cacimba 
Do leite com chocolate tirado do peito da vaca
Do entardecer espiando o curral 
Sinto um aberto no peito só em lembrar 
Dos tempos dourados que enfeitaram parte da vida
Mirava o pôr do sol até o último fio amarelo 
Esperava surgir a noite com o céu estrelado
E aos poucos ia adormecendo junto ao cobertor 

Margarida Cabral 



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