Espinhos
Suspiro de mim
Na caída da noite
Fúria de vendaval
Escorre pelo tempo
No gélido caminho
Do mesclar de palavras
Quantas vogais insentidas
A se rosnar nos descabidos
Máscara de farpas
Que espalham-se com vestes de trapos
Movidas no trapézio ao léu
Transparece como bruxa de papel
A gotejar contos insólito
Que dissipa pela chuva
Sendo levado pela enxurrada
No arrebito do enfado caminho
Pedindo que o córrego não seja longo
Encurtando a encruzilhada
No livramento da névoa escura
Que por acaso impedia a caminhada
Arco-íris de sonhos memoriza o instante
Na salvaguarda tolerante
Da sapiência do momento
Que não se curva aos malefícios
Respirando novos saberes
Colhendo rosas entre os espinhos
Margarida Cabral