Casa
Casa do tempo quero chegar
Encanto moído
Que solta farpas pelo caminho
Me permite caminhar
Em atrito com os pés
Ao chão
Impulsionados pela leveza dos dendritos
Assoalho que evapora na pisada
Da casa seca,
Da casa molhada ,
Da casa florida e abençoada
Longe posso até ficar
Mas a saudade habita o mesmo lugar
Da lembrança d' água da cacimba
Do leite com chocolate tirado do peito da vaca
Do entardecer espiando o curral
Sinto um aberto no peito só em lembrar
Dos tempos dourados que enfeitaram parte da vida
Mirava o pôr do sol até o último fio amarelo
Esperava surgir a noite com o céu estrelado
E aos poucos ia adormecendo junto ao cobertor
Margarida Cabral