Desencanto

Refúgio do tempo que me faz lembrar

Do largo que terce o olhar

De vertigios tão pequenos

Que se assemelham a uma gota d'água

Que vai aos poucos clareando

Até que surgi uma paisagem de encantamento

Irradiando luzes de contentamento

Fluidificando todo ser

De cores benevolentes

Pra iluminar a alma


Margarida Cabral

Reflexão

Não me canso de dizer

Não me canso de falar

Nos dias de hoje temos muito que argumentar

Uns dizem palavras ao vento

Outros querem meditar

O importante é falar

Tudo parece brincadeira

Mas não descarto a possibilidade de um dia acertar

Quem muito fala um dia é escutado

Nem que seja por uns segundos

Temos que acreditar


Margarida Cabral

Dúvida

Não sei se digo

Não sei se não sei

Há tantas dúvidas

Que jamais revelarei

Dos sentimentos sentidos

Dos embalados

Até aqueles que se ocultaram

No silêncio da solidão

Não houve um momento

Pode até ter surgido uma razão

Que fito o firmamento só vejo um vazio

Que dói o coração

Mas tão logo passa

E eclode uma nova canção...



Margarida Cabral

Travessia

Deserto

Calmo

Alma

De florescer

Caminhos

Partidos

Que ficaram soltos

No espaço

De vida

Trabalho

Família

Findo enfado

Parou

Ficou

Não conclusivo

Margarida Cabral

Desejos

Desejos 

Sinto apego antigo

A colorir a vaidade

Indo de encontro a saudade

Que estimula os sentidos

Na criação, 

Descontraída ,

Iluminada de passagens

Fazendo parte na caminhada

Sem disfarce da encruzilhada

Que fez parte do caminho

Alternância de cheiros

Inalados fazendo o perfume inundar o coração

Num gesto de gratidão

De vivência e querer




Margarida Cabral

Alvorecer

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Calmo
Quieto
Nem um suspiro
Tranquilidade
Sossego
Do tempo encantado
Imaginado
Abstrato
Sem querer
Crepúsculo terno
Que acalanta cada suspiro
Levando-nos ao amanhecer
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Margarida Cabral

Destino

Destino 



Eu , você terno destino

Sem implorar o tempo

Refúgio de lamentos

Da lua

Rua da ladeira

Iluminada pelo sol

Similar a um farol

Das estradas de curvas

Que acelera as passadas

Pra chegar na linha reta

Sem peripécias

Árvore frondosa a beira do lago

Onde estendo a rede e deito os pensamentos

A ouvir os pássaros que alivia os sentidos

Que abafa os zunidos

Sem precisar de lençol


Margarida Cabral



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